A realidade do CSI
A ciência forense sempre foi a espinha dorsal de contos de mistério, desde as aventuras de Dupin, de Edgar Allan Poe, até as histórias de Sherlock Holmes, de sir Arthur Conan Doyle, da série televisiva Quincy, de Jack Klugman, até os atuais programas de investigação criminal de grande sucesso. Os métodos de Holmes precederam muitas técnicas verdadeiras usadas para ligar uma prova física a um criminoso, como exame de sangue. Tornou-se profissão legalizada no começo do século XX e explodiu para o grande público na década de 90 com o advento da análise de DNA.
A ciência forense nunca foi tão popular: oito séries criminais, entre elas CSI: Crime Scene Investigation e outras do mesmo gênero estão na lista dos 20 programas mais vistos em outubro de 2005. Em uma quinta-feira desse mês, 27% de todos os televisores dos Estados Unidos estavam sintonizados no CSI. Programas desse tipo dão a impressão de que os laboratórios criminais estão bem equipados com técnicos altamente treinados e tecnologia de ponta à disposição, nadando em recursos para solucionar qualquer caso em tempo hábil.
Contudo, o abismo que há entre a percepção do público e a realidade é enorme. Com a popularidade desses programas, muitos vêm reclamando do que está sendo chamado de "efeito CSI". Alguns advogados e juízes têm a impressão de que os jurados que assistem ao seriado - no ar desde 2000 - agora exigem níveis nada razoáveis de provas físicas nos julgamentos.
O boom de séries que abordam a ciência forense foi ironicamente citado até mesmo dentro de um dos episódios de CSI, no qual uma equipe de televisão acompanhava as atividades dos investigadores fictícios. O líder, Gil Grisson, rejeitou a presença do grupo com a alegação de que havia "programas demais de investigação criminal na TV". Muitos advogados e juízes que acreditam que os jurados são influenciados pelo efeito CSI concordariam. Até que ponto isso é verdade?
"Scientific American Brasil"
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