Congressinho: segundo dia
Aprendi hoje que Congressinho era de fato o nome dessa conferência organizada pelos pg's do IFT. Há dez anos mudaram para Congresso Paulo Leal Ferreira, pois achavam que Congressinho não era um nome à altura da importância do evento.Os temas das palestras de hoje tinham tudo a ver com partículas e campos, portanto mais próximas dos interesses domésticos.
1 - De manhã falou Eduardo Gregores, Jovem Pesquisador do IFT, sobre os aceleradores de partículas com os quais seu grupo, experimental, trabalha: D0, no Fermilab (Chicago), e, mais recentemente, o CMS, no LHC (Genebra). A maior parte do seminário foi sobre a construção/funcionamento desses detectores. São sempre números imensos. E sempre aparece aquela foto dos físicos ao lado do aparelho, para dar a escala. (Isso até me fez cogitar se os engenheiros da Intel posam ao lado de seus chips...).
O CMS é bastante mais interessante, até porque ainda não está em funcionamento. Promete muito e torço para que satisfaça as expectativas. Suas medidas serão definitivas (ok, não se pode duvidar da flexibilidade dos modelos dos físicos teóricos...) com relação à existência do bóson de Higgs e da supersimetria. A descoberta do primeiro é a peça faltante do Modelo Padrão (existe a anedota de que Peter Higgs passa o dia assistindo televisão para ver se alguma breaking news anuncia o descobrimento da partícula: claro, no mesmo dia receberia uma ligação de Estocolmo. Veja interessante palestra dele chamada My life as a Boson). A motivação da supersimetria está muito conectada ao bóson de Higgs. Ela também é bastante associada às supercordas, apesar de que a supersimetria a ser investigada no LHC se refere a partículas pontuais.
Gregores também enfatizou as astronômicas necessidades de processamento e transmissão de dados do LHC. Para tanto está sendo desenvolvida a Grid, um serviço (incluindo software e hardware) para compartilhamento de processamento e armazenamento de dados no qual o tipo e a localização geográfica de um computador não tem importância. Se ela funcionar como se imagina a expectativa é de que seu impacto seja tão grande quanto o da Internet (outra contribuição tecnológica da Física de altas energias).
2 - Professor Carlos Eugênio Imbassahy Carneiro, do IFUSP, falou de um método novo de regularização de uma teoria phi-4 sem massa. Primeiro apresentou, muito bem por sinal, uma espécie de crash course de renormalização da phi-4 usando os métodos tradicionais. Seu novo método consiste em reescalonar o Lagrangiano dividindo-o por epsilon (aquele que irá aparecer na regularização dimensional). Carneiro mostra que este passo simples elimina os infinitos das funções de n-pontos. Os expoentes críticos que encontra são os mesmos da abordagem tradicional, mas a função beta se anula quando epsilon vai a zero. Em seu artigo argumenta que isso pode ser um reflexo da trivialidade da phi-4. Para o caso massivo não encontra as correções logarítmicas. Tudo muito estranho...
3 -IFT 2.0 - A última palestra, que seria sobre leis de conservação na Relatividade Geral, foi cancelada por dificuldade de comparecimento do conferencista. Em seu lugar ocorreu uma discussão sobre o futuro imobiliário do IFT, uma incógnita por aqui. Aparentemente o instituto terá que se mudar temporariamente para o centro da cidade até que o campus da Barra Funda seja construído. Só não se sabe quando isso ocorrerá, depende-se muito da burocracia da prefeitura e da Unesp. Existe até a possibilidade de que se vá direto para a Barra Funda se os prédios (moderníssimos, pelo que disseram) ficarem prontos antes.
Seguiu-se então uma discussão sobre a possível instalação de uma graduação nessa futura nova fase do IFT. A maioria está a favor, mas alguns temem uma queda acentuada na qualidade da pesquisa por causa do tempo dedicado às aulas. Desde que não atolem os professores em aulas, acho que é um temor exagerado. A maioria das instituições consegue fazer ensino e pesquisa. Não seria diferente aqui.
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