46% dos cotistas zeram em vestibular
FÁBIO TAKAHASHIQuase a metade dos 1.152 candidatos que disputaram vaga por sistema de cotas no último vestibular da Universidade Federal de São Paulo foi eliminada por ter zerado em ao menos uma das provas.
Dos cotistas, 531 (46%) não acertaram nenhuma questão em ao menos uma das provas, aponta estudo da universidade ao qual a Folha teve acesso.
Entre os não-cotistas, o percentual foi de 22,7% (14.217 inscritos e 3.235 desclassificados por terem tirado zero).
O número de eliminados foi tão grande que 11 das 46 vagas não foram preenchidas (seis sobraram porque os aprovados não comprovaram sua etnia).
A federal de São Paulo, uma das principais escolas da área de saúde do país, reserva 10% das vagas a candidatos afro-descendentes ou indígenas que estudaram em escola pública. O mau desempenho desses alunos faz com que a Unifesp acredite que o projeto do governo federal, que prevê cotas de 50% em todas as universidades federais, possa baixar a qualidade do ensino superior.
"Não há demanda qualificada para propor cotas de 50%", raciocina o pró-reitor de graduação da Unifesp, Luiz Eugênio Araújo de Moraes Mello. "Não zerar no vestibular é o mínimo. Se for imposta porcentagem, qual será a saída? Deixar a prova mais fácil?"
O vestibular da federal de São Paulo, segundo o coordenador do curso Anglo, Alberto Francisco do Nascimento, não é fácil nem impossível. "Exige desenvoltura do pensar."
O processo seletivo da Unifesp tem 130 testes de conhecimentos gerais, 25 questões discursivas de conhecimentos específicos e uma redação.
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