26.6.06

Julian Schwinger

Enviado por Celso Nishi (IFT):

Saiu no banco de dados arXiv na semana passada (physics/0606153) um artigo pequeno sobre a vida e obra de Julian Schwinger (1918-1994), escrito por K. A. Milton, que foi um dos alunos dele. Como mencionado no artigo, o nome de Schwinger não é tão conhecido pelo público geral e até mesmo por jovens estudantes de física quanto o nome de Feynman, por exemplo. (Ambos ganharam o Nobel de física em 1965, junto com Tomonaga pela formulação da QED.) Apesar disso seus trabalhos e idéias permeiam a física do século 20. Podemos citar, além de sua fundamental contribuição para a QED, seus trabalhos acerca da eletrodinâmica clássica, princípio variacional quântico, métodos de tempo próprio (proper time methods), anomalias quânticas, geração dinâmica de massa, simetrias parciais e muito mais. Seus trabalhos, no entanto, não eram tão fáceis de entender (quem já pegou algum paper dele sabe disso).
Isso pode ser ilustrado pela frase dita uma vez por Oppenheimer que disse que as pessoas em geral davam seminários para mostrar como fazer os cálculos, mas Schwinger dava seminários para mostrar que somente ele era capaz de faze-los. Como outros detalhes interessantes podemos citar o fato de ele já ter pronto sua tese de doutoramento aos 19 anos (embora o título só viesse depois de mais 2 anos) e também o fato de que a mãe dele considerava que o irmão dele (que se tornou advogado) era o mais brilhante, mesmo depois da concessão do prêmio Nobel. Para outros detalhes, consultem o artigo ou as referências dentro dele.

Um Toque de Celular para Enganar os Mais Velhos


Adolescentes na Inglaterra e nos Estados Unidos estão usando um toque de telefone celular de alta frequência (17 KHz), que a maioria dos adultos acima de 40 anos não consegue ouvir.

Enquanto a maior parte da comunicação entre os humanos utiliza frequências entre 200 e 8000 Hz, a partir da meia idade um fenômeno chamado presbiacusia reduz a capacidade de audição de altas frequências.

A ironia é que esse fato da fisiologia foi utilizado inicialmente num sistema de segurança para lojas, na Inglaterra, que pretendia produzir um alarme muito alto e desagradável para espantar adolescentes com comportamento suspeito, sem perturbar os clientes mais velhos. Acontece que algum hacker não indentificado transformou o som num toque de celular.

O toque de celular tem sido utilizado por alunos em sala de aula, para receber mensagens de texto sem que os professores percebam... mas atenção: professores com 20 a 30 anos conseguem ouvir o tom!

texto extraído do blog NeuroNews

24.6.06

Projeto computacional coordenado por docente do IFT ganha financiamento da Finep

A Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), agência do Ministério da Ciência e Tecnologia, por meio do programa ProInfra, concede R$ 4.415.000,00 para a dinamização da GridUNESP. O projeto, coordenado pelo docente Sérgio Novaes, do Instituto de Física Teórica (IFT), unidade complementar, prevê o compartilhamento de memória e de processadores por Unidades interligadas. "Esta é a primeira iniciativa de se implementar uma infraestrutura de grid em uma universidade brasileira", destaca.

"Esta grid vai promover uma capacidade computacional que dificilmente estaria disponível na forma convencional, a um único grupo, ou mesmo para uma comunidade de pesquisadores de uma mesma área científica", explica Gastão Krein, diretor do IFT. Ele coordena o estudo Cromodinâmica quântica na rede, ou QCD na rede, que se beneficiará com o projeto.

Especialmente para a UNESP, que tem uma estrutura multicampi, a implantação da arquitetura grid é de grande importância. Inicialmente, os centros da GridUNESP serão instalados nos campi de São Paulo, Rio Claro, Bauru, Botucatu, Araraquara, São José do Rio Preto e Ilha Solteira, onde os pesquisadores já desenvolvem estudos que requerem o processamento, análise e armazenamento de uma grande quantidade de dados. Na hierarquia do sistema grid, São Paulo será o núcleo central (tier 0), que coordena as tarefas dos demais centros (tier 1).

Esses grupos interligados investigam temas das áreas de biologia, engenharia, física, geologia, medicina e química. Para ampliar ainda mais o poder computacional da universidade, serão agregadas à GridUNESP infraestruturas de rede já existentes, como o Centro Virtual de Pesquisa, coordenado por Krein.

"Este sistema vem na hora certa," comenta Krein. "Ele vai permitir nos integrarmos a estruturas externas, como a International Lattice Data Grid, que possibilita o compartilhamento de processamento e a troca de dados gerados em supercomputadores em todo o mundo."

Outra possibilidade de integração é citada por Novaes. “A Open Science Grid (OSG) americana, que atende a todas as áreas da ciência, e à qual são submetidos mais de 20 mil trabalhos por dia", lembra o docente, que também coordena o Centro Regional de Análises de São Paulo (Sprace), membro da OSG.

Saiba mais sobre a GridUNESP no endereço: https://www.unesp.br/grid/

Reportagem de Igor Zolnerkevic

21.6.06

COITADO DO GOLEIRO



Em época de copa, nada melhor do que aliar o futebol à física...

O primeiro gol do jogo Holanda X Costa do Marfim foi marcado pelo jogador Van Persie, de falta.
O tiro, de 19 m de distância, atingiu a velocidade de 79 km/h (aprox. 22 m/s).
Será que dá para estimar quanto tempo o goleiro teve, desde o momento do chute, para reagir e tentar fazer alguma coisa para impedir o gol?
Dá sim, e é simples. Vamos calcular, lembrando que a velocidade V da bola pode ser escrita como V = DS/Dt, ou seja, o tempo Dt será dado por Dt = DS/V:

O goleiro teve aproximadamente 0,86 s para tentar defender o chute que, para piorar a situação, acertou bem no ângulo.
Como eu disse, simples de calcular. O difícil era defender este chute! Menos do que 1 s para reagir é quase nada, concorda?! Coitado do goleiro!
texto extraído do blog Física na veia

20.6.06

Ciência com criatividade

A interação entre diferentes ramos do saber é essencial para a melhoria do ensino de ciências no Brasil. Pensando nisso, cerca de 130 estudiosos de diversas áreas se reuniram no 3º Simpósio de Educação em Ciência e Criatividade para dividir seus conhecimentos sobre temas como neurologia, astronomia, evolução, arqueomusicologia, antropologia, design e arte. O evento, que aconteceu de 28 a 31 de maio na cidade de Tiradentes, em Minas Gerais, foi coordenado pelos bioquímicos Leopoldo De Meis e Vivian Rumjanek, ambos da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Um dos principais pontos discutidos no Simpósio foram os resultados de um projeto de ensino de ciências organizado por De Meis e Rumjanek, que visa ensinar aos professores e alunos de escolas públicas brasileiras como a ciência é feita nos laboratórios e procurar jovens talentos de baixa renda para oferecer a eles uma oportunidade de inserção no meio científico. Iniciado há 18 anos, o projeto hoje é difundido em dez universidades do país. Durante o evento, os coordenadores locais discutiram as dificuldades encontradas na realização do projeto e procuraram formas de aperfeiçoá-lo, além de debater com os alunos sobre meios alternativos de ensinar ciência.

Leia mais aqui

16.6.06

Morre Ray Davis, Nobel de Física de 2002

A notícia está um pouco atrasada, mas acho que vale a pena destacar:

O físico-químico Raymond Davis Jr. morreu dia 31 de maio, aos 91 anos de idade, por complicações causadas pela doença de Alzheimer, de que vinha sofrendo nos últimos quatro anos. Seu trabalho pioneiro com John N. Bahcall (1934-2005) foi proposto em 1964 para "enxergar o interior de uma estrela e assim verificar diretamente a hipótese da geração de energia nuclear nelas" e acabou levando à busca para resolver o problema do "sumiço" dos neutrinos solares e a criação de um novo campo da astronomia, a astrofísica de neutrinos.
Davis ganhou o Prêmio Nobel de Física de 2002 por detectar neutrinos solares, partículas "fantasmas" produzidas nas reações nucleares que geram a energia do Sol. O prêmio foi compartilhado com Masatochi Koshiba do Japão e Riccardo Giacconi dos E.U.A.

Nascido em 1914, Davis estudou em escolas públicas no estado de Washington, EUA, antes de se graduar em Química na Universidade de Maryland, em 1938. Terminou seu doutorado em Físico-química, pela Universidade de Yale, em 1942.
Em 1948, foi contratado pelo Laboratório Nacional de Brookhaven, EUA. O diretor do departamento de química lhe deu liberdade total e aconselhou Davis a passar na biblioteca, ler algo que lhe interessasse e escolher seu projeto de pesquisa.
"Me decidi por um experimento de física de neutrinos," lembrou Davis, na autobiografia escrita quando ganhou o Nobel. "Um campo sobre o qual se sabia quase nada naquele tempo, e que parecia bem adequado aos meus conhecimentos de físico-química."
Em 1964, após tentativas mal sucedidas de detectar neutrinos produzidos em reatores nucleares, Davis propôs, junto com o físico John Bahcall, um grande experimento para detectar neutrinos vindos do Sol.

Mais informações sobre Raymond Davis aqui.

'Crash' cultural entre físicos e economistas

O editorial da Nature de 8 de junho afirma que o preconceito contra pesquisadores que atacam problemas da economia usando métodos da física condena ao diletantismo e à extinção a nova disciplina, chamada de econofísica.
As principais publicações científicas de economia se recusam a publicar pesquisas que fujam da tradicional e muito simples teoria "neoclássica", enquanto que os departamentos de física nas universidades não valorizam os trabalhos de econofísica feitos por seus pesquisadores.
Na visão dos editores, entretanto, os econofísicos desperdiçam suas chances de chamar a atenção dos economistas de mente aberta, por não controlarem a qualidade, extremamente variável, dos artigos científicos em suas próprias publicações especializadas.
O editorial se baseia em reportagem da revista sobre polêmico artigo, escrito por um grupo de economistas que participaram do Colóquio de Econofísica, na Universidade Nacional Australiana, Camberra, em novembro de 2005, muito desapontados com o que viram ali.

Com a palavra agora os econofísicos!!

Quem desejar ler o editorial clique aqui. O artigo do grupo do Colóquio de Econofísica saiu na Physica A e pode ser visto nesse link.

12.6.06

Perda lastimável


Informamos, com muito pesar, o falecimento do Prof. José Leite Lopes. Ao 87 anos de idade nos deixa este notável cientista. Abaixo apresento um resumo da vida deste brilhante cientista...

O pernambucano José Leite Lopes, especialista em Física de Partículas e em Teoria de Campos, é um dos cientistas brasileiros mais conhecidos no exterior. Isso se deve ao conjunto importante de trabalhos na área da Física, mas principalmente aos seus achados científicos ligados ao bóson Zo — cuja existência foi prevista por ele, em 1958 — e à unificação das forças eletromagnéticas e das forças fracas. O bóson seria descoberto muitos anos depois, na década de 80.

Professor emérito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) – onde trabalhou de 1946 a 1964, e de 1967 a 1969) — mesmo aposentado, continuava trabalhando no Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), uma das mais importantes instituições científicas do país, da qual foi um dos fundadores, em 1949, e por duas vezes, diretor.

Bacharel em Física (Rio de Janeiro, 1942), Leite Lopes, iniciou em 1944 seu doutoramento em Princeton (EUA), sob a orientação de W. Pauli (Prêmio Nobel de Física). Ali teve oportunidade de assistir os cursos ministrados por grandes nomes da Física internacional, entre eles, Albert Einstein.

Professor de Física Teórica da Faculdade Nacional de Filosofia (Rio de Janeiro), em 1946, deixou o cargo em 1969, quando teve cassados seus direitos políticos e foi aposentado compulsoriamente pelo regime militar. Passou dezesseis anos na Universidade de Estrasburgo (França) até seu retorno definitivo ao Brasil, em 1986. Publicou vários livros adotados internacionalmente.

Crítico e atento observador do desenvolvimento da ciência no País, em seu empenho pela divulgação da ciência realizou, na década de 90, no Rio de Janeiro, uma série de palestras em escolas de ensino médio, explicando os fundamentos da Física de forma acessível e estimulando os jovens a se interessarem pelas ciências.

José Leite Lopes nasceu em Recife, no dia 28 de outubro de 1918 e veio a falecer hoje, dia 12 de junho de 2006.
Veja página especial de Leite Lopes

11.6.06

Colóquio sobre a física nos esportes

Desculpem pelo atraso no post pessoal...

Sexta passada (09/06), recebemos a mestranda em biomecânica pelo IFUSP Maria Isabel Orselli. Como o título do post já diz, ela veio nos falar um pouco sobre a física envolvida em alguns esportes.

O primeiro assunto tratado foi um estudo sobre trajetória de bolas. Nos disse que esse estudo sobre mecânicas de fluido é muito usado no baseball, pois os jogadores usam muitos efeitos para enganar os adversários e esses efeitos dependem muito de como a bola e feita.

A passo seguinte foi discutir os conceitos que modificam a trajetória de uma bola... O efeito magno, que está ligado com a rotação de uma bola em torno de seu eixo, e a crise do arrasto, associada ao deslocamento retilíneo da bola. Para ilustrar a combinação desses efeitos, foi utilizado um chute do Roberto Carlos apresentado em vídeo (melhor exemplo não poderia existir né!)... percebia-se muito bem neste vídeo os efeitos abordados pela palestrante que ressaltou em seguida a importancia da combinação desses dois efeitos e mencionou alguns ddos como a velocidade da crise de arrasto para uma esfera lisa: 72 Km/h. Um outro ponto muito relevante hoje, que é muito polêmico na área, é sobre a forma de fabricação das bolas de futebol, pois como elas atualmente são mais lisas, feitas com menos gomos e consequentemente pouca costura, retardam a crise de arrasto fazendo com que o efeito magno ocorra muito próximo as goleiros, que por sinal têm reclamado muito sobre essas bolas novas! Em contrapartida, foi mencionada a forma de uma bola de golfe (toda rugosa) que permite que a crise do arrasto ocorra sem afetar o efeito magno.


Na sequência, foram abordados dois esportes com saltos: Salto em distância e Ginática rítmica. Nestes esportes os principais conceitos discutidos foram sobre a postura que cada atleta tem que ter para adquirir o seu melhor rendimento. No salto em distancia foi usado como uma boa aproximação para a descrição do movimento do atleta o lançamento de um projétil. Deste estudo conclui-se que o melhor desempenho que um atleta pode ter no take-off, que é a hora em que o atleta transfere o momento da direção horizontal para o momento na direção vertical, é um deslocamento de 25cm do centro massa. Outro ponto que eu destaco é a quantidade máxima que um atleta pode adquirir em um salto: 550 joules.

A apresentação de duas simulações de vídeo, um sobre salto em distância e outro sobre a performance do brasileirinho de Dayane dos Santos foram bem ilustrativos para explicar os conceitos físicos por trás desses esportes com o intuito de melhorar o rendimento dos atletas.

Por fim, já no momento de questões abertas ao público, foi ressaltado a principal finalidade desses estudos que são análises clínicas utilizadas em medicina na prevenção de atletas em geral.
Cito dois artigos sobre os assuntos abordados: A unified model for long and high jump e A aerodinâmica da bola de futebol.

9.6.06

Física virtual

Outro dia tive um curso de dinâmica não-linear em que o professor fez o uso de alguns "applets" da internet para simular os modelos estudados. Foi muito interessante porque as aulas não ficaram só em desenhos de osciladores e nem nas respectivas equações que descrevem os modelos, é uma boa alternativa mesmo para aqueles professores que estão além da física básica. A coisa hoje está tão difundida que algumas páginas trazem não só os "applets" mas também exercícios que o aluno pode interagir e ter uma espécie de laboratório em casa. Cito um projeto do Prof. Romero Tavares (UFPB) que desenvolveu uma espécie de curso de física virtual onde é possível encontrar numa página uma série de applets, animações, vídeos e um laboratório virtual de física.

Carina Maria Zanetti, doutoranda do IFT, me enviou esta semana uma dica a respeito um site que tem vários aplicativos em java com simulações de Oscilações e Ondas, Acústica, Eletricidade e Magnetismo, Eletrodinâmica, Mecânica Quântica, etc. Só por curiosidade eu tentei buscar no Google páginas a respeito e para minha surpresa a internet está povoada de material deste tipo. Não vou postar aqui alguns deles porque todos achei muito interessante. Ótima ferramenta!

8.6.06

Waves in Fluids II e III

Um pouco atrasado, mas aqui minhas opiniões sobre o segundo e último dia do Workshop Waves in Fluids. No segundo dia achei bastante interessante, sem querer puxar a sardinha para minha brasa, o "talk" de Samuel Noubissie, Pós-doc do Instituto de Física Teórica, São Paulo - Waves in heterogeneous arteries. Foi apresentado um estudo da propagação de ondas em artérias (ondas de velocidade, pressão e deformação) modeladas como um tubo elástico preenchido por um fluido. Também se considerou que as propriedades geométricas e mecânicas das atérias variavam no espaço. Ele mostrou que a análise das variações nos padrões dos trens de ondas nas artérias podem servir como dignóstico para alguns tipos de doenças. Talvez por ter um ponto de vista bastante "aplicacionário" destaquei esta na parte da manhã. Durante a tarde eu destacaria a do Prof. Belmiro Castro, Instituto Oceanográfico, USP, São Paulo - Internal Tides: theory, observations and modelling. Bastante interessante também, nos mostrou uma teoria geral de marés que ficam na região entre o fundo e a superfície do mar, bem como um modelo numérico para seu estudo. O único ponto chato do segundo dia foi o fato ocorrido na hora do almoço. Alguém entrou no auditório onde estava sendo realizado o workshop e roubou o datashow sem muitos problemas, prova disto foi a facilidade que o meliante teve a ponto de conseguir cortar o cabo de aço que prendia o datashow ao suporte. Ele aproveitou bem a hora que havia menos movimento no Instituto.

Contrariações de lado, no terceiro dia, das que estive presente, eu destacaria a do Prof. Roberto Kraenkel do Instituto de Física Teórica, São Paulo - Waves in curved channels. Apesar do trabalho estar num estágio inicial já foi possível perceber o quanto pode ser promissor. Ele considera um problema de determinação da evolução da superfície livre em canais que podem ser curvados e com largura variável. Como resultado surge um sistema de equações do tipo onda longa, mas com coeficientes variáveis no espaço. Talvez a que mais gostei no último dia tenha sido a do Prof. John W. M. Bush, Dept. of Mathematics, MIT, USA - Capillary Waves: two novel applications. Ficou claro que esta parecia ser a palestra mais esperada do evento, talvez por isso tenha sido a última ehehehe. Foi mostrado que uma gota de óleo suspensa na água apresenta oscilações espontâneas e qual mecanismo produz este efeito. Na segunda parte foi mostrado um modelo para explicar como os passáros conseguem beber água, inclusive com uma simulação real. Falando mais elegantemente, seria o tratamento do problema da capilaridade no bico das aves. Segundo o professor, eles conseguem beber se utilizando da capilaridade que age nas gotas em contato com a parte interior do bico. Através da variação da freqüência de abertura e fechamento do bico eles conseguem guiar a gota para dentro ou para fora do bico. Num balanço geral eu considero o evento bastante proveitoso, foi bom poder se atualizar na área e saber o que está se fazendo hoje em dia. Também foi ótimo ver que os estudos apontam mais para um direcionamento de aplicabilidade no mundo real, talvez porque a área permita isso. Espero pelo próximo.

7.6.06

Colóquio dos estudantes

Continuando a série, esta semana teremos Maria Isabel Orselli, mestranda em biomecânica no IFUSP, que nos presenteará com um colóquio bem direcionado aos esportistas. Ela nos falará sobre "A Física nos Esportes e nas Técnicas de Análise do Movimento Humano".

Segundo Maria Isabel:

"...Este colóquio tem como objetivo apresentar alguns conceitos físicos que estão por trás das atividades esportivas e que também são usados na fabricação dos materiais utilizados pelos atletas em diversas categorias. Também pretende mostrar como a física está presente nas técnicas de analise do movimento humano, as quais são aplicadas ao esporte visando melhorar o desempenho de atletas bem como previnir dores e lesões."

O colóquio no mínimo parece interessante, para os esportistas de plantão existe um site muito interessante no qual aspectos científicos são destacados em diversas modalidades como surf, skate, baseball, ciclismo etc. Vale a pena conferir!!
O colóquio será realizado nesta sexta-feira, 09/06/06 às 16h30, no Auditório Diógenes de Oliveira (auditório maior) - Instituto de Física Teórica. Aqui você tem um mapa de como chegar ao IFT.
Após o colóquio, haverá o tradicional chá com biscoitos.
Contamos com a presença de todos.

O retorno

Só para esclarecer o sumiço... Aquele problema na garganta que falei no post "Waves in Fluids I" se transformou numa gripe que me deixou de cama até hoje. Não pude postar por esta razão. Agora retorno com um pouco mais de saúde e prometo postar aqui a continuação da série Waves in Fluids e outros que eventualmente surjam na minha "caixola". Abraços!!

A Copa do Mundo é nossa!!!

Às vésperas de mais uma copa do mundo, podemos ver como o brasileiro muda de ritmo e todos arranjam um jeitinho pra fugir do trabalho e ver os jogos da seleção. Tem aqueles mais fanáticos que nao perdem um jogo da copa, assistem até os jogos de Gana!
Escrevo isso pois, o nosso blog retrata bem esse comentário, pois vocês devem ter notado a queda de posts que houve nessa semana. Infelizmente, do ponto de vista da ciência, somos brasileiros, porém, até nós nos rendemos aos encantos do nosso ótimo futebol e deixamos em segundo plano, nesse período de um mês, os assuntos que nao são pertinentes a copa do mundo.

2.6.06

Físicos Russos obtém átomo isótopo do elemento 114

Há várias décadas, um pequeno grupo de cavalheiros pesquisadores está em busca de um Graal científico cuja existência foi prevista pelos teóricos: o de um mundo povoado de átomos que não existem na Terra em estado natural.

Muito recentemente, segundo revela o "Izvestia" (um dos principais jornais do país), uma equipe de físicos russos de Dubna dirigida pelo acadêmico Iouri Oganessian, criou um desses átomos, um isótopo do elemento 114, que desapareceu meio segundo mais tarde, por causa do processo de decréscimo radioativo.

Apesar do aspecto bastante efêmero desta descoberta, a comunidade dos
especialistas saudou a façanha, enquanto ela se prepara para reproduzir a experiência para validá-la. Desde a Segunda Guerra mundial, os físicos dos grandes países envolvidos na corrida para o domínio do átomo perseguiram constantemente a meta de produzir artificialmente elementos mais pesados do que o urânio, cujas diferentes espécies (isótopos) possuem um núcleo que contém 92 prótons. É este número caracterizado pela letra Z que serve de carteira de identidade para átomos dos mais diversos tipos. O mais leve, o hidrogênio, que ocupa junto com Z = 1 o primeiro lugar na tabela periódica dos elementos de Mendeleiev, enquanto o mais pesado, o urânio, com Z = 92, ocupa o último lugar.

Uma vez que as forças da natureza em muitos casos tendem também a se transformar nas mesmas coisas procuradas pelos cientistas, outros elementos mais pesados do que o urânio foram rapidamente produzidos durante os anos da guerra, tais como o netúnio (93) ou o plutônio (94). Com o passar do tempo, a lista foi se ampliando com a produção de elementos ainda mais pesados, mas dotados de uma existência - meia-vida - mais fugaz: algumas frações de segundo. Com isso, eles passaram do número 92 do urânio para aquele - o 109 - do meitnério, isolado em 1982.

114 prótons

Mas existe uma corrida ainda mais ofegante que vem sendo disputada desde então pelas equipes russa de Dubna, americanas de Berkeley e de Livermore, alemã de Darmstadt e, mais recentemente, japonesa de Riken e francesa de Ganil, em Caen (oeste). No período de uma dezena de anos, as descobertas dos átomos super-pesados - 111, 112, 113, 114, 115, 116 e 118 foram anunciadas. O último foi recusado em função de uma falsificação dos resultados, enquanto a existência de alguns dentre eles pede para ser reconfirmada antes que eles recebam definitivamente um nome.

A tarefa é difícil. Primeiro, porque se trata de uma física delicada na qual são precipitados em velocidades muito elevadas átomos pesados sobre alvos de átomos que também o são, o que gera ao longo de cerca de uma semana bilhões e bilhões de eventos dos quais apenas um ou dois representam um interesse.

Além disso, este sendo o caso da mais recente descoberta de Dubna, porque o elemento 114 que acaba de ser criado não é o mesmo que aquele, que também levava o número 114, que foi sintetizado pela mesma equipe em 1999. Trata-se de fato de um isótopo - uma espécie de "irmão" - cujo núcleo possui o mesmo número de prótons, porém um número diferente de nêutrons.

Pouco importa, ainda assim é mais um passo rumo àquilo que todos estão buscando: um elemento cuja lenda, ou antes a teoria, prevê a existência e que, uma vez que o número dos prótons e dos nêutrons do seu núcleo seria duplamente mágico, poderia sobreviver durante algumas horas.

fonte: Le Monde