31.10.05

Cartas de Einstein e Darwin seguem padrão de e-mails

Enviado por Wanderson Wanzeller (IFT):
"Uma análise do padrão das cartas escritas por Charles Darwin e Albert Einstein mostrou que os dois gênios se comunicavam da mesma forma usada por usuários de computadores atualmente."

Mais uma mostra de que leis de escala estão profundamente enraizadas na Natureza e no padrão humano de pensamento. Clique no título para ler a matéria.

Quem quiser ler o artigo da Nature, clique aqui.

28.10.05

Faltam perguntas


Frase ouvida hoje na entrada do IFT, ao se verificar que o portão da frente ainda estava fechado às 8:30 da manhã: "Ué, hoje é feriado?". Típico. Pois era feriado sim, dia do funcionário público. Mesmo assim, havia bastante gente no IFT. Não conheço muitas outras profissões nas quais seus membros vão trabalhar num feriado em sua homenagem, e numa sexta-feira (humm.. talvez padres).

Bom, mas havia uma razão especial também: à tarde falaria o ilustre professor Roberto Salmeron, da École Politéchnique de Paris. E não é toda hora que ele pode dar uma canjinha. Às 14 horas o anfiteatro estava praticamente lotado! Estudantes e professores. Ah, claro, e pós-docs, que também são filhos de Deus :)

Salmeron, um senhor de 80 anos e de entusiasmo jovial, apresentou seminário sobre algumas questões ainda em aberto no Modelo Padrão. Bastante bem apresentado. Infelizmente, muitas das perguntas foram daquele tipo que faz a gente pensar "nossa, tá faltando pergunta nessa área": por que 6 quarks, por que 3 cores, de onde vem a carga elétrica, etc. Nada do tipo: medimos tal quantidade, mas nossas teorias predizem um valor muito diferente para ela. Ou então: era para este fenômeno existir nesta região de acordo com nosso modelo, porém não apareceu nada.

Aliás, justamente sobre este ponto Salmeron expressou algo que está entalado na garganta de muito físico de partículas: "Eu não gostaria que descobrissem o bóson de Higgs no LHC". Bóson de Higgs é a peça faltante do Modelo Padrão; há trinta anos os físicos de partículas praticamente só vêm checando as previsões dessa teoria. Os físicos em geral vão para a área de partículas devido a perspectivas de encontrar novas leis fundamentais, fenômenos inesperados; ficar verificando teoria alheia, com experimentos que insistem em não violá-la, não tem tanta graça. Seria muito bom para os físicos de partículas se o Higgs não aparecesse no novo mega-acelerador. Está todo mundo jogando olho gordo no Nobel do Peter Higgs.

Depois Salmeron falou um pouco de sua conturbada carreira profissional: sua formação na Politécnica, o encontro com os grandes mestres da Física da USP, as idas e vindas a universidades brasileiras, seu trabalho no CERN e na Politéchnique. No final ainda afirmou, enfaticamente, que se hoje fosse um estudante brasileiro em começo de pós-graduação, indubitavelmente escolheria física de partículas novamente. Uma figura impressionante.

Melhor Tese 2005

A SBF divulgou o vencedor do Prêmio de Melhor Tese em Física de 2005: é Roosevelt Droppa Júnior, do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), com a tese "Síntese e caracterização de nanotubos e fulerenos nitrogenados gerados por arco elétrico", orientada pelo professor Fernando Alvarez. É o tricampeonato do LNLS: já havia vencido em 2000 (Dra. Daniela Zanchet) e em 2003 (Dr. Varlei Rodrigues), estes dois com o professor Daniel Ugarte.

Recebeu Menção Honrosa outra tese de Física Experimental, The brothers Q: Multimode entangled photons with parametric down conversion, do Dr Stephen Patrick Walborn (UFMG), orientado pelo professor Carlos Henrique Monken. Fui fuçar o Lattes do Walborn e vi que tem três PRL no doutorado, além de ter sido orientado na graduação pelo professor David J. Griffiths (ãham, aquele dos livros). Pois é, esses prêmios não são para qualquer um.

A Óptica Quântica está com tudo: além do Nobel deste ano, em nível nacional também faturou um dos Milênios (que, a propósito, a Nanotecnologia também levou).

Adicionado (08/11/05): o professor Alvarez escreve nos alertando para o fato de que as três teses mencionadas no primeiro parágrafo como sendo do LNLS, foram, a rigor, realizadas no Departamento de Física Aplicada da Unicamp.

27.10.05

Auto-ajuda para Físicos: the Boeing's speech

Um ponto de vista alternativo
Trecho de palestra proferida por Jeffrey Hunt, executivo da Boeing Company, em fórum organizado pela seção de Física Aplicada e Industrial (FIAP) da Sociedade Americana de Física (APS), realizado em 1998.

"Voltando ao problema do emprego, existem algumas coisas que todo pós-graduando deveria saber, mas a maioria dos professores nunca irá contar.

Sete fatos inegáveis:

Físicos não fazem engenharia elétrica tão bem quanto engenheiros elétricos.
Físicos não fazem engenharia química tão bem quanto engenheiros químicos.
Físicos não fazem engenharia mecânica tão bem quanto engenheiros mecânicos.
Físicos não fazem engenharia de software tão bem quanto engenheiros de software.
Físicos não fazem engenharia óptica tão bem quanto engenheiros ópticos.
Físicos não fazem engenharia aeronáutica tão bem quanto engenheiros aeronáuticos.
Físicos não fazem matemática tão bem quanto matemáticos.

Isto coloca uma questão importante: por que diabos alguém contrataria um físico?!

Resposta: Físicos podem fazer 80% daquilo que os experts fazem em TODAS estas tarefas. Em contrapartida, cada uma das habilidades dos experts cai rapidamente a zero uma vez fora de sua especialidade.

Se você olhar, mesmo em minha companhia, existem engenheiros de muitas origens em muitas funções, mas os caras no topo são, desproporcionalmente, doutores em Física. (ok, existem alguns engenheiros e talvez mesmo um químico). Por quê? Porque os físicos são os únicos que conseguem apreender a visão totalizante e garantir que todas as sub-discplinas estejam trocando entre si as informações adequadas."

Está se sentindo melhor? :-)

(Para ser justo, este trecho deve ser colocado no contexto da palestra inteira. Em suma: o que está acima só é válido se não há excessiva especialização.)

26.10.05

Vitrine de pg's


Acontece hoje e amanhã a quarta edição da Mostra da Pós-Graduação do Instituto de Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS, pronuncia-se "úrguis"). É um evento anual onde os pós-graduandos locais (cerca de 40 mestrandos e 60 doutorandos) apresentam seus trabalhos através de pôsteres e palestras.
A idéia da mostra é tão interessante que em maio deste ano foi organizada uma versão estendida para toda a universidade (Mostra Inova). A principal consequência deste tipo de evento é que os pós-graduandos ficam sabendo o que seus colegas fazem, melhorando a comunicação interdisciplinar e fomentando novas colaborações.
Tendo isso em mente, fica a sugestão de que nas próximas edições do Congressinho do IFT haja mais apresentações de trabalhos domésticos, principalmente na forma de pôsteres.

25.10.05

Espalhando partículas


Veja interessante esforço de
divulgação científica do Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS). Eles se propuseram a colocar em toda sala de aula do ensino médio francês um pôster (imagem ao lado) descrevendo sucintamente os componentes elementares da matéria. Para auxiliar os professores é fornecido junto um livreto explicativo e um CD contendo a homepage do Particle Adventure. O pôster foi produzido originalmente em francês, mas já foi adaptado para outras línguas. Inclusive uma versão para qualquer outro idioma poderá ser confeccionada se o texto na língua local for fornecido ao grupo do CNRS. Muitos países já aderiram à iniciativa: Canada, EUA, Argélia, Marrocos, Inglaterra, Romênia, Polônia, Indonésia, Índia, etc.

Talvez eles já soubessem, mas enviei mensagem sobre o assunto à Comissão de Partículas e Campos da Sociedade Brasileira de Física. Provavelmente para este ano não dê mais para organizar, mas para os próximos anos, quem sabe.


Aliás, pensando bem, este pôster seria bem-vindo até em muitas universidades brasileiras. Faz tempo que não vejo em nenhuma o tradicional (e belíssimo) cartaz sobre as partículas elementares (imagem ao lado).

22.10.05

Congressinho: último dia

Escrevo já no sábado, pois ontem à noite, depois do encerramento do Congressinho, houve um churrasco comemorativo. Realizado aqui mesmo no IFT. Uma oportunidade de confraternização que deveria aparecer mais vezes.

Hoje termino esta experiência de fazer o live blog de uma conferência. A dificuldade maior é ter ânimo no final de um dia inteiro de seminários para ainda escrever algo.

Bom, vamos às duas palestras do dia.

1 - Silvio Sorella, professor da UERJ, falou de aspectos não-perturbativos da Teoria de Yang-Mills, base do Modelo Padrão. Primeiramente situou os ouvintes apresentando um panorama histórico da teoria: sua formulação em 1954 por Chen-Ning Yang e Robert Mills (1954), a quantização por Faddeev e Popov (1967), a renormalização por 't Hooft e Veltman (1971-2), a descoberta da propriedade da liberdade assintótica por Politzer-Gross-Wilczek (1973), a simetria Becchi-Rouet-Stora-Tyutin (1974), até chegar nas cópias de Gribov (1978).
Então apresentou brevemente os principais resultados obtidos via equações de Schwinger-Dyson para o regime não-perturbativo, incluindo o comportamento da constante de acomplamento para baixas energias. A tendência é achar que a constante congela ao redor de 3 para momentum nulo. Foi uma palestra muito elogiada, apesar da complexidade do tema e da ausência total de qualquer diagrama ou figura. Um palestrante muito claro.


Sempre me perguntei o que teria acontecido com o Mills da dupla Yang-Mills. C. N. Yang continuou sua carreira produtivíssima, mas do outro não soube mais. Inclusive me disseram que ele havia morrido muito cedo, não muito depois da formulação da teoria. Procurando na internet encontrei este artigo da Wikipedia onde surpreendentemente descubro que Robert Mills (foto) faleceu apenas em 1999, e foi professor na Ohio University de 1956 a 1995, quando se aposentou (informações checadas). Pelo jeito foi "mágico de um coelho só": olhando suas publicações posteriores nem de longe produziu algo de tanto impacto como sua teoria de invariância não-abeliana, um dos sete desafios matemáticos do milênio.

Depois deste interlúdio histórico, vamos à próxima palestra.


2 - Professor do departamento de radiologia da faculdade de medicina da USP, com formação de engenheiro, Koichi Sameshima falou, sem entrar em maiores detalhes, sobre recentes pesquisas das neurociências nas quais os físicos poderiam fazer alguma contribuição. Ele participa do esforço brasileiro para construir um centro internacional de neurociências em Natal.
O ponto de sua palestra é que a capacidade matemática e de modelagem de sistemas complexos que um físico possui está fazendo falta nas pesquisas em neurociências. E foi corajoso ao dizer que é muito mais fácil um físico aprender biologia que o contrário. Eu também acho isso. Mas eu sou físico.
Recomendou-nos o livro Sync: The Emerging Science of Spontaneous Order, escrito pelo matemático Steven Strogatz.

21.10.05

Diversos

Alguns links enviados pelos leitores:

- Wanderson Wanzeller (IFT) informa que já saiu o calendário 2006 do Abdus Salam International Centre for Theoretical Physics (ICTP, Trieste, Itália). Vale lembrar que o ICTP, por pertencer à Unesco, financia todo ano a ida de alguns pós-graduandos brasileiros (terceiro mundo, em geral) para frequentarem suas conferências (as conhecidas escolas de verão do ICTP). Basta se inscrever. E ficar torcendo depois.

- Marcos André Betemps (IF-UFRGS) envia o link do I Latin American Workshop on High Energy Phenomenology, a ser realizado de 1 a 3 de dezembro deste ano no Instituto de Física da UFRGS, em Porto Alegre.

Sempre é bom destacar a impressionante concentração de jovens fenomenologistas de partículas no Rio Grande do Sul: até minha última contagem 8 pesquisadores desta área conseguiram recentemente posições permanentes (viraram professores) na UFPel e FURG. Não conheço outra região no Brasil com esta densidade de pesquisadores ativos. Estão formando um grupo de pesquisa extremamente promissor.
Acho que este tipo de fenômeno é uma saída para o "problema" de emprego dos doutores em Física no Brasil. Coloco entre aspas porque na verdade as posições acadêmicas estão escassas apenas nas universidades públicas mais tradicionais, estando ainda disponíveis naquelas instituições públicas mais novas (fora das capitais do sul e sudeste) e nas particulares. É claro que todos querem as primeiras por causa das condições de pesquisa já estabelecidas (e, claro, do status). Mas, como aconteceu no Rio Grande do Sul, se um grupo de doutores da mesma área conseguir se aglomerar numa dessas instituições de menos tradição, começa a ser menos difícil produzir boa pesquisa. É uma saída.
(Até onde sei ocorreu um fenômeno semelhante no grupo de teoria de campos da UFPb.)

(por Andre)

20.10.05

Congressinho: segundo dia

Aprendi hoje que Congressinho era de fato o nome dessa conferência organizada pelos pg's do IFT. Há dez anos mudaram para Congresso Paulo Leal Ferreira, pois achavam que Congressinho não era um nome à altura da importância do evento.

Os temas das palestras de hoje tinham tudo a ver com partículas e campos, portanto mais próximas dos interesses domésticos.

1 - De manhã falou Eduardo Gregores, Jovem Pesquisador do IFT, sobre os aceleradores de partículas com os quais seu grupo, experimental, trabalha: D0, no Fermilab (Chicago), e, mais recentemente, o CMS, no LHC (Genebra). A maior parte do seminário foi sobre a construção/funcionamento desses detectores. São sempre números imensos. E sempre aparece aquela foto dos físicos ao lado do aparelho, para dar a escala. (Isso até me fez cogitar se os engenheiros da Intel posam ao lado de seus chips...).

O CMS é bastante mais interessante, até porque ainda não está em funcionamento. Promete muito e torço para que satisfaça as expectativas. Suas medidas serão definitivas (ok, não se pode duvidar da flexibilidade dos modelos dos físicos teóricos...) com relação à existência do bóson de Higgs e da supersimetria. A descoberta do primeiro é a peça faltante do Modelo Padrão (existe a anedota de que Peter Higgs passa o dia assistindo televisão para ver se alguma breaking news anuncia o descobrimento da partícula: claro, no mesmo dia receberia uma ligação de Estocolmo. Veja interessante palestra dele chamada My life as a Boson). A motivação da supersimetria está muito conectada ao bóson de Higgs. Ela também é bastante associada às supercordas, apesar de que a supersimetria a ser investigada no LHC se refere a partículas pontuais.

Gregores também enfatizou as astronômicas necessidades de processamento e transmissão de dados do LHC. Para tanto está sendo desenvolvida a Grid, um serviço (incluindo software e hardware) para compartilhamento de processamento e armazenamento de dados no qual o tipo e a localização geográfica de um computador não tem importância. Se ela funcionar como se imagina a expectativa é de que seu impacto seja tão grande quanto o da Internet (outra contribuição tecnológica da Física de altas energias).

2 - Professor Carlos Eugênio Imbassahy Carneiro, do IFUSP, falou de um método novo de regularização de uma teoria phi-4 sem massa. Primeiro apresentou, muito bem por sinal, uma espécie de crash course de renormalização da phi-4 usando os métodos tradicionais. Seu novo método consiste em reescalonar o Lagrangiano dividindo-o por epsilon (aquele que irá aparecer na regularização dimensional). Carneiro mostra que este passo simples elimina os infinitos das funções de n-pontos. Os expoentes críticos que encontra são os mesmos da abordagem tradicional, mas a função beta se anula quando epsilon vai a zero. Em seu artigo argumenta que isso pode ser um reflexo da trivialidade da phi-4. Para o caso massivo não encontra as correções logarítmicas. Tudo muito estranho...

3 -IFT 2.0 - A última palestra, que seria sobre leis de conservação na Relatividade Geral, foi cancelada por dificuldade de comparecimento do conferencista. Em seu lugar ocorreu uma discussão sobre o futuro imobiliário do IFT, uma incógnita por aqui. Aparentemente o instituto terá que se mudar temporariamente para o centro da cidade até que o campus da Barra Funda seja construído. Só não se sabe quando isso ocorrerá, depende-se muito da burocracia da prefeitura e da Unesp. Existe até a possibilidade de que se vá direto para a Barra Funda se os prédios (moderníssimos, pelo que disseram) ficarem prontos antes.
Seguiu-se então uma discussão sobre a possível instalação de uma graduação nessa futura nova fase do IFT. A maioria está a favor, mas alguns temem uma queda acentuada na qualidade da pesquisa por causa do tempo dedicado às aulas. Desde que não atolem os professores em aulas, acho que é um temor exagerado. A maioria das instituições consegue fazer ensino e pesquisa. Não seria diferente aqui.

PRL says


Sobre esta questão de uma introdução adequada em seminários e artigos, fundamental em nossos dias de frenética especialização, encontrei mensagem bastante esclarecedora dos editores da PRL (eles devem estar insatisfeitos, está na primeira página da revista...). Veja aqui o texto intitulado "The Aim of a Good Introduction". A seguir as principais dicas:

1. The introduction should interest people outside the subfield in reading the article. Because it is directed at nonspecialists, it should have a minimum of jargon and acronyms.

2. It should describe the background and history of the problem or research goal addressed in the article. It should explain the importance of this research and of the results being reported, as well as any relevance they have to other areas of physics (“The work described here is motivated by...”).

3. A well organized introduction starts with the general discussion described in point (2) and ends with a brief description of the specific results presented (“In this Letter we show...”). Discussions of technical details should be reserved for the main text.

19.10.05

Congressinho: primeiro dia

Já que está acontecendo um congresso muito interessante aqui mesmo no IFT, tentarei fazer um live blog do evento. Como sempre se diz nos relatos de conferência, e nunca é demais repetir, estou limitado pelas palestras que vi e pela minha própria competência científica.

As palestras de hoje foram bastante diferentes das tradicionais linhas de pesquisa do instituto (essa é parte da idéia do congresso, claro):

1 - João Arana Varela, professor do Instituto de Química de Araraquara, apresentou suas pesquisas sobre propriedades de filmes ferroelétricos, materiais estes que mantém uma polarização mesmo quando o campo elétrico é removido; apresentam curva de histerese semelhante àquela mais conhecida dos ferromagnetos. Estes filmes serão (ou já são?) usados na produção de um novo tipo de memória de computadores, as FRAM. São memórias não-voláteis, ou seja, não perdem sua informação quando a fonte de energia é suspensa (como ocorre com a DRAM, por exemplo). O acesso delas é mais rápido que as memórias tradicionais e a densidade de informações também é superior. Uma promessa. Muito bom saber que o Brasil está acompanhando esta tecnologia. Achei que o palestrante poderia ter gasto mais tempo introduzindo o tema.

2 - Um assunto mais próximo do dia-a-dia do IFT foi discutido pelo professor Jose Eduardo Martinho Hornos, da USP de São Carlos. Utilizando-se dos métodos matemáticos típicos da análise de teorias de calibre (grupos e álgebras de Lie mais especificamente) Hornos abordou o problema das simetrias escondidas no código genético. As quebras espontâneas destas simetrias poderiam explicar o limitado número de aminoácidos presentes no DNA. Veja importante artigo dele sobre o tema aqui. Um palestrante muito carismático, até chamou nosso instituto de Templo da Teoria. E mencionou a praticidade dos médicos, com quem agora tem que trabalhar devido a sua área multidisciplinar: "eles são muitos mais práticos do que todas nossas esposas juntas, querem saber de resultados!".

3 - O professor Osvaldo Frota Pessoa Junior, do departamento de filosofia da USP, apresentou suas explorações iniciais num terreno tão polêmico quanto interessante: histórias alternativas da ciência. Parte-se de uma pergunta que muitos já se fizeram: e "se Einstein tivesse se tornado violinista profissional?", como seria a Física hoje? Quem teria descoberto o que ele descobriu? Depois de quanto tempo?
(No caso específico de Einstein o palestrante, como é opinião comum entre os físicos, acredita que apenas a Relatividade Geral levaria muito mais tempo para ser encontrada (uns 50, 60 anos segundo ele).)
Discutindo vários casos de descobertas da Física e como elas podem se interligar conceitualmente através de relações de causa-efeito, Pessoa Jr apresentou uma tentativa de descrição quantitativa da probabilidade de uma determinada história da ciência existir. Ou seja, a chance de que o desenvolvimento da ciência seguisse uma outra sequência de eventos que não aquela observada por nós. É claro que atualmente o estudo está altamente subjetivo, com hipóteses para a distribuição de probabilidade não muito razoáveis; pode se perguntar mesmo se faz sentido este tipo de investigação. Bom, é pesquisa e pode sair algum resultado interessante daí. Acho também muito louvável que um filósofo, como o Pessoa Jr (que, aliás, tem formação de físico), tente introduzir algum tipo de quantificação nos conceitos da filosofia da ciência.

18.10.05

Index h for dummies

(Enviado por Alysson Ferrari (IFUSP) )
Para quem está com preguiça de ler em inglês a proposta do tal índice h, o Marcelo Leite publicou na Folha deste domingo e, como usual, republicou no seu blogue, uma explicação do que é este novo índice.

N. M.: leia sobre índice/fator h também neste post.

16.10.05

Dez anos de Top


Na próxima sexta-feira, 21 de outubro, acontece no Fermilab uma conferência em homenagem aos dez anos da descoberta do quark top (veja o press release original do Fermilab aqui).
Este foi o último dos quarks que ainda precisava ser descoberto. Existem seis quarks (up, down, strange, charm, bottom e top) de acordo com a atual teoria que descreve as interações forte, fraca e eletromagnética (chamado de Modelo Padrão).
Eu já havia entrado na Física e lembro do alvoroço que foi, inclusive pelo fato de terem participado da descoberta vários pesquisadores brasileiros (G.A. Alves, J.G.R. Lima, A.K.A. Maciel, J.R.T. de Mello Neto, J.M. de Miranda, V. Oguri, A. Santoro, M. Souza, na época ligados ao LAFEX do CBPF). Posso estar enganado, mas acho que desde Lattes não havíamos mais estado tão perto de uma descoberta fundamental em Física de Partículas. É uma conquista a ser destacada!

Os artigos originais da descoberta estão aqui: detectores DZero e CDF.

Veja também recente matéria da Revista Pesquisa Fapesp sobre os novos esforços experimentais da Física de Partículas brasileira. O IFT participa ativamente destes desenvolvimentos através dos trabalhos do professor Sergio Novaes e dos pesquisadores Eduardo Gregores,Sérgio Lietti e Pedro Mercadante.

14.10.05

XXVIII Congresso Paulo Leal Ferreira

Caros colegas,

Na próxima semana, durante os dias 19, 20 e 21 de outubro, ocorrerá o XXVIII Congresso Paulo Leal Ferreira de Física Teórica. Este é um pequeno congresso multidisciplinar organizado pelos estudantes que acontece anualmente no IFT. Todos estão convidados a participar das palestras e comunicações orais que serão realizadas no Auditório Maior. Maiores informações na página http://www.ift.unesp.br/congresso

Atenciosamente,

Comissão Organizadora ( congresso@ift.unesp.br)

Apareceu nos arxiv´s II

Duas sugestões de artigos interessantes dos arxiv´s enviados por nossos leitores:

-Este preprint é antigo, mas pode ser útil para aqueles que assim como eu desejam algum dia entender algo sobre grupo de renormalização.
A hint of renormalization, por B. Delamotte, publicado em Am.J.Phys. 72 (2004) 170-184.
(enviado por Wanderson Wanzeller, do IFT)

-Messages in the sky (enviado por Alysson Ferrari, do IFUSP)

Escrito nas estrelas

Este último pré-print que o Alysson sugeriu pode assustar os mais incautos. No artigo os autores sugerem que padrões na radiação cósmica de fundo (CMB) poderiam conter mensagens do Criador (!!). Eles argumentam, muito bem eu diria, que é bastante plausível que o Criador (supondo que exista) colocasse uma mensagem na CMB, já que é acessível a todas as civilizações (supondo que outras existam) do universo. A mensagem, de acordo com os autores, seriam os grupos de simetria de calibre das interações fundamentais (!!!).
Quem conhece o processo que Robert Gentry moveu contra Paul Ginsparg, criador/operador dos arXiv´s, poderia ficar assustado. Gentry processava os operadores dos arXiv´s porque estes se recusaram a manter em suas páginas artigos criacionistas que ele havia postado. Um tribunal do Tennessee arquivou a queixa contra Ginsparg. Foi até por causa deste episódio que apareceu o sistema de endossamento nos arXivs: agora os físicos precisam do aval de algum outro profissional já cadastrado no sistema antes de publicarem lá seus pré-prints. Isto dificultaria a ação dos criacionistas, ou pseudo-cientistas em geral.
Em todo caso, um dos autores do artigo acima é Anthony Zee, famoso por suas brincadeiras. Assim, trata-se apenas de excentricidade.
Ou será que não? ;-)
(Andre)

Algumas impressões do XXVI ENFPC

Alysson Ferrari (IFUSP) envia relato muito interessante com suas impressões sobre o Encontro Nacional de Física de Partículas e Campos. (Andre)

"Terminado o Encontro Nacional, hora de voltar para casa, para o trabalho regular -- no meu caso, para aquele solene ritual conhecido como "Pedido de Renovação de Bolsa". A principal sensação que fica é, sem dúvida, o prazer de haver reencontrado velhos amigos e conhecidos, e essa sempre é ótima.

De mais a mais, São Lourenço é realmente muito parecida com Caxambu, onde o evento se realizou nos
últimos anos. O Hotel Guanabara era simpático, mas muitos quartos deixavam bastante a desejar. O principal salão, onde eram feitas as plenárias, era muito quente e abafado, e as cadeiras eram de bar, de plástico -- ótimas para uma cervejinha mas péssimas para se ouvir duas palestras de teoria quântica de campos
seguidas. Na verdade, acho que o desconforto do salão principal do Encontro foi o maior ponto negativo do hotel.

Passo agora a relatar um pouco de alguns dos itens do programa, limitado por basicamente dois fatores -- só posso falar daqueles que eu vi, e dos quais eu tenho qualquer coisa a falar. Outras pessoas, é claro, podem fazer "adendos" relatando outras sessões. O viés pessoal, na hora de
comentar mais ou menos sobre determinado tema, será óbvio, e não farei esforços para evitar isso.

Essa é apenas uma primeira tentativa do que pode vir a se tornar um esforço mais organizado para registrar o Encontro Nacional de Física de Partículas e Campos. Em próximos anos, quem sabe
encontramos alguns voluntários para dividir tarefas e assim fazer um panorama bem mais completo, incluindo por exemplo as sessões de posters e comunicações orais.

Alysson Fábio Ferrari

alysson@fma.if.usp.br





Plenárias



The Present Status of Quantum Field Theory in Curved Spacetime
Robert Wald
Boa palestra, sem entrar em muitos detalhes técnicos, o Wald mostrou quantos conceitos precisamos abandonar para formular uma teoria quântica de campos num espaço curvo. Ora, é bastante comum dizer, hoje em dia, que o problema da formulação de uma teoria quântica da gravitação é uma das
mais importantes questões téoricas em aberto. Essa plenária foi interessante por lembrar que mesmo a teoria quântica de campos escalares num espaço tempo clássico mas diferente de Minkowski (ou do espaço Euclidiano, é claro) já é muito difícil. Em outras palavras, mesmo a compreensão da dinâmica das nossas
boas e velhas teorias quânticas de campo, vivendo num espaço em que a gravitação é clássica mas não desprezível, é extremamente difícil e envolve a reformulação da teoria em termos bastante diferentes dos que estamos acostumados (estados assintóticos, matriz S, diagramas de Feynman, etc...).

O formalismo que funciona nesse caso, eminentemente algébrico, existe -- mas, conforme confessou o Wald, ainda não foi muito usado para cálculos específicos. Ficou a pergunta: será o formalismo complicado demais para se calcular alguma coisa, ou apenas o pessoal que o desenvolveu teve
motivação para calcular? Afinal, desenvolver formalismos é importante mas, em física, em última instância sempre estamos interessados em que nossos belos formalismos nos forneçam maneiras de calcular números corretos...

First results from the Pierre Auger Observatory
Ronald Shellard
Muitos teóricos andam de olho nesse grande detetor -- e uma das grandes curiosidades é saber se ele vai confirmar ou não a detecção de raios cósmicos com energias acima dos limites calculados pela teoria.

Para quem está um pouco por fora, posso indicar a seção 1.5.5 do review gr-qc/0502093. Basicamente, dá pra mostrar que nenhuma partícula consegue viajar distâncias intergalácticas e chegar na Terra com energia maior que 10^19 GeV, porque ela vai acabar interagindo com a radiação cósmica de fundo e perder energia. Por outro lado, qualquer processo cósmico que
consiga produzir uma partícula com tamanha energia deve ser muito violento e, portanto, não deve estar por perto, na nossa própria galáxia -- ou já o teríamos percebido de algum modo. Contudo, um observatório já detectou vários eventos com energia uma ordem de grandeza acima desse limite
teórico. Outro detector, contudo, parece confirmar o limite. A grande questão é o que o Pierre Auger vai dizer.

De minha parte, torço para que ele aponte violações inquestionáveis desse limite teórico -- acho que novos fatos experimentais, que venham contra nossas teorias atuais, é o que mais precisamos agora, para apontar direções. Para dar um exemplo: uma das formas de se "quebrar" o limite
teórico explicado acima é supor modificações das relações de dispersão para partículas se propagando no vácuo, o que só pode ser feito se a simetria de Lorentz é violada ou modificada de alguma forma. E isso tem conexão direta com o problema da gravitação quântica, onde é até natural supor que Lorentz seja modificado na escala de Planck. Para os otimistas, esses raios cósmicos muito energéticos poderiam ser a primeira observação indireta de um efeito novo, devido à teoria modificada que funciona nessa região de energia que é totalmente inacessível aos nossos
aceleradores.

Buenas -- por enquanto, o pessoal do Auger ainda prefere ficar "em cima do muro". No primeiro gráfico de espectro da radiação cósmica apresentado, o limite teórico parece ser respeitado. No entanto, em 19 de abril desse ano -- se não me falha a memória -- já foi detectado um evento com energia maior que 10^20 GeV. O curioso é que esse evento foi inicialmente descartado pelo detetor justamente por ser energético demais. O exemplo foi usado para mostrar como eles ainda precisam aprender a ajustar melhor o aparelho que têm em mãos. De qualquer forma, eles parecem estar esperando mais eventos desse tipo para confirmar que, de fato, o limite teórico é violado. O negócio é esperar até o próximo Encontro Nacional...

Polarization in the Cosmic Microwave Background
James Bartlett
Outra boa palestra, dessa vez sobre o estudo detalhado da radiação cósmica de fundo. É o que de mais próximo podemos ter de enxergar as "condições iniciais" do universo, por assim dizer. Ou seja -- esses experimentos são quentíssimos para o pessoal que se interessa por cosmologia e/ou
gravitação quântica. Aliás, as observações astronômicas precisas como essas são possivelmente os mais impressionantes inputs experimentais que temos nos últimos anos. Não coincidentemente, como o André apontou em post anterior, a programação deste ano reflete bem a grande atividade da área tanto de observações astronômicas quanto de cosmologia teórica. Perdi boa parte da plenária do Soyez sobre QCD, então não me julgo capaz de comentá-la. Faço injustiça assim a todo o pessoal que trabalha com teoria/fenomenologia de QCD, mas quem sabe alguém da área pode preencher essa lacuna...



Paralelas



Casimir Effect: some aspects
Carlos Farina
Para quem, há alguns anos, vê vários posters e apresentações orais relacionadas ao efeito Casimir e/ou efeitos de fronteira em geral, foi bom ouvir uma paralela que explica um pouco e faz um "resumão" da área. O Farina correu um pouco para cobrir o material, mas acho que no geral deu para se entender.

Cosmologia: da Matéria e Energia Escuras às Dimensões Extras
Jailson Alcaniz
Jovem professor no Observatório Nacional, o Jailson fez um bom resumo, sem muitas tecnicalidades, do problema da matéria/energia escuras. Uma introdução bastante compreensível ao problema. Que problema? Basicamente, várias observações indicam que nós não enxergamos e não sabemos do que é feito 95% do que existe no universo. Só isso.

Emergência de Ordem Espaço-Temporal em Teorias de Campo Não-Lineares
Marcelo Gleiser
Me pareceu e paralela que mais se distanciou, no tema, da média do Encontro. Também a única que teve "tietes", inclusive um guri que passou o tempo todo tirando fotos de todos os ângulos possíveis -- estava concentrado demais nisso para ouvir uma palavra do que o Marcelo falou, aposto.

Por entre os flashes das câmeras digitais, o Marcelo apresentou seus "oscillons" -- oscilações de campo bem localizadas e com vida bastante longa que emergem devido a não-linearidades de teorias de campo, em várias dimensões. Aliás, segundo ele, os tais "oscillons" devem se acrescentar à
lista dos "Wanted dead or alive" do LHC, junto dos Higgs, superparceiros, Kaluza-Kleins e outros bichos esdrúxulos que podem sair de lá...

Lorentz violation in gauge theory
José Roberto do Nascimento
Esse tema foi uma das modas do Encontro Nacional. Só passando os olhos pelo livro de resumos, identifiquei pelo menos 18 posters tratando de algum tipo de modificação da simetria de Lorentz. O interessante é que há alguns anos teríamos que enquadrar essa possibilidade como "totalmente
especulativa". Recentemente, contudo, a impressionante melhora na precisão de observações astronômicas abriu uma janela para se observar, indiretamente, minúsculas violações da simetria de Lorentz. Essa possibilidade, assim, passou por um upgrade e se tornou apenas
"especulativa" e, se o Pierre Auger se comportar direitinho, pode mesmo ganhar uma primeira evidência experimental (veja meus comentários sobre a plenária do Auger, logo acima, para maiores explicações).

Nessa paralela do Zé Roberto, a linha de trabalhos apresentada foi basicamente de quebrar a simetria de Lorentz pela introdução de um vetor constante na Lagrangeana de uma teoria de calibre acoplada com férmions. Aí eles calculam correções radiativas da ação efetiva para ver se, por
exemplo, um termo do "tipo" de Chern-Simons é gerado. Parece que existem várias ambiguidades na regularização utilizada para se fazer essas contas, de forma que a questão é bastante não trivial.

Na Paraíba há um grupo forte de Teoria de Campos, e esse tema de violação de Lorentz parece ser um dos que eles estão desenvolvendo. Imagino que ouviremos falar mais disso em futuros Encontros, e não só deste grupo. O fato é que já existe uma ampla literatura sobre isso, e passeando pelos
posters que vimos no Encontro, muita gente se interessou.



Revisões
As revisões, que encerraram o Encontro, foram bastante heterogêneas, ouvi críticas do pessoal, nos corredores, sobre uma ou outra. Falando da referente a minha área, a de Teoria de Campos, acho que o Victor Rivelles conseguiu dar um razoável resumo do que se viu, no ENFPC, e comparou isso com o que se produz lá fora. Acho que foi uma boa revisão.

Infelizmente, Ignácio Bediaga (Experimental) e Gustavo Burdman (Fenomenologia) pecaram muito no quesito tempo. Juntando isso ao cansaço de um final de Encontro, foi o suficiente para eu sair da sala e dar um passeio lá por fora...

Voltei para ouvir a revisão de Maurício Calvão, de Cosmologia. Destaco aqui o contraponto ao "entusiasmo" de que falei, há pouco, com a possibilidade de se detectar/estudar violações de Lorentz. O Maurício fez questão de falar dos trabalhos, já bastante antigos, de
Mansouri e Sexl, além de listar vários outros, que mostram a impressionante precisão com que simetria de Lorentz é testada em laboratório. Ou seja, qualquer modificação de Lorentz tem que estar muito bem escondida, ao menos na escala dos nossos laboratórios terrestres. Imagino que isso não vai arrefecer tão logo o entusiasmo pelo tema, se bem que me pergunto se uma confirmação, pelo Auger, dos limites teóricos para as energias das fontes primárias de raios cósmicos, não conseguiria fazê-lo...


11.10.05

Nature Physics


Depois de muita propaganda recebida em casa e pregada em mural, finalmente apareceu o primeiro número da revista Nature Physics, do mesmo grupo da prestigiosa Nature. Está disponível no portal da CAPES.
É claro que é sempre bom ter novos periódicos dedicados à Física, ainda mais quando os editores pertencem a um grupo de mídia como a Nature. No entanto, no editorial da Nature deste mês, em que se dá boas vindas a Nature Physics, está uma frase incômoda: "Atualmente, graças à fascinação exercida pelo progresso e benefícios da Biologia, Física é apenas mais uma disciplina.". Fica então claro que, se a Nature é lugar apenas para grandes avanços da ciência, é melhor criar uma revista especial para a Física, pois na Nature só aparecerão pesquisas em Biologia. Fazer o quê? Estamos no recuo da maré.
Porém, talvez percebendo que o leigo poderia ter uma má impressão do entusiasmo dos físicos, encontramos no mesmo editorial evocações das próximas ondas (tsunamis!) em Física. Por exemplo: "A próxima geração de aceleradores de partículas promete insights tão profundos como o de qualquer um de seus predecessores, em particular no entendimento das origens da massa e das simetrias subjacentes às leis da natureza".
Este número destaca letters sobre supercondutividade em grafite, mas fiquei mais interessado no artigo Particle physics: Do the space-warp sobre o qual escreverei outro dia.

Deslumbramentos


Enviado por Alysson Ferrari ucomics

4.10.05

Nobel de Física vai para norte-americanos e alemão

ESTOCOLMO (Reuters) - Dois norte-americanos e um alemão ganharam na terça-feira o Prêmio Nobel de Física de 2005 por seu trabalho no campo da óptica, que permitiu medições extremamente precisas do tempo e do espaço, com futuras aplicações nas telecomunicações e nas viagens espaciais.
leia o texto na íntegra aqui


Adicionado: Veja também a notícia no site do Physics News Update, onde podem ser encontrados links para artigos de divulgação sobre os trabalhos dos vencedores.

Altas energias em Minas

Vai de hoje até sexta-feira o Encontro Nacional de Física de Partículas e Campos. Ao contrário da maioria dos anos desta vez não será em Caxambu, mas em São Lourenço. Não faz muita diferença, as duas cidades são incrivelmente parecidas, têm as mesmas (poucas) opções de lazer.
O programa está bastante astrofísico este ano, mas isto é apenas um reflexo do fato de que, recentemente, a investigação das radiações vindas do espaço tem sido nossa principal ferramenta na descoberta de novos fenômenos naturais, e eventual comprovação de teorias já existentes.
Teremos Robert Wald falando sobre The Present Status of Quantum Field Theory in Curved Spacetime, James Bartlett com Polarization in the Cosmic Microwave Background e Claus Grupen apresentando Radio Detection of Cosmic Rays with LOPES. Ronald Shellard, do CBPF, falará sobre os primeiros resultados do observatório de raios cósmicos Pierre Auger, projeto com participação brasileira considerável em seu financiamento.
Como divulgação científica Marcelo Gleiser (Dartmouth College) estará com O que sabemos e o que não sabemos sobre o Universo, um título talvez arriscado demais para uma conferência repleta de especialistas.
Os demais mortais poderão apresentar seus trabalhos numa sessão de pôsteres e/ou em palestras paralelas.
Vamos ver como será este ano; no mínimo será bom rever os amigos que agora estão longe.